sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Segunda-feira da 3ª Semana do Advento


REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA


(LECTIO DIVINA)

Reflexões de Frei Carlos Mesters, O.Carm.


Segunda-feira da 3ª Semana do Advento


1) Oração



Inclinai, ó Deus, o vosso ouvido de Pai
À voz da nossa súplica,
E iluminar as trevas do nosso coração
com a visita do vosso Filho.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
na unidade do Espírito Santo. Amém.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 21, 23-27)


Naquele tempo, 23Dirigiu-se Jesus ao templo. E, enquanto ensinava, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se e perguntaram-lhe: Com que direito fazes isso? Quem te deu esta autoridade? 24Respondeu-lhes Jesus: Eu vos proporei também uma questão. Se responderdes, eu vos direi com que direito o faço. 25Donde procedia o batismo de João: do céu ou dos homens? Ora, eles raciocinavam entre si: Se respondermos: Do céu, ele nos dirá: Por que não crestes nele? 26E se dissermos: Dos homens, é de temer-se a multidão, porque todo o mundo considera João como profeta. 27Responderam a Jesus: Não sabemos. Pois eu tampouco vos digo, retorquiu Jesus, com que direito faço estas coisas . - Palavra da salvação.


3) Reflexão


* O evangelho de hoje descreve o conflito que Jesus teve com as autoridades religiosas da época depois que expulsou os vendedores do Templo. Os sacerdotes e anciãos do povo queriam saber com que autoridade Jesus fazia as coisas a ponto de entrar no Templo e expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). As autoridades se consideravam os donos de tudo e achavam que ninguém podia fazer nada sem a licença delas. Por isso, perseguiam a Jesus e procuravam matá-lo. Algo semelhante estava acontecendo nas comunidades cristãs dos anos setenta-oitenta, época em que foi escrito o evangelho de Mateus. Os que resistiam às autoridades do império eram perseguidos. Havia outros que, para não serem perseguidos, tentavam conciliar o projeto de Jesus com o projeto do império romano (cf. Gal 6,12). A descrição do conflito de Jesus com as autoridades do seu tempo era uma ajuda para os cristãos continuarem firmes nas perseguições e não se deixarem manipular pela ideologia do império. Também hoje, alguns que exercem o poder, tanto na sociedade como na igreja e na família, querem controlar tudo como se fossem eles os donos de todos os aspectos da vida do povo. Às vezes, chegam até a perseguir os que pensam diferente. Com estes pensamentos e problemas na cabeça, vamos ler e meditar o evangelho de hoje.
Mateus 21,23A pergunta das autoridades religiosas a Jesus
“Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram, e perguntaram: Com que autoridade fazes tais coisas? Quem foi que te deu essa autoridade?" Jesus circula, novamente, na enorme praça do Templo. Logo aparecem alguns sacerdotes e anciãos para interrogá-lo. Depois de tudo que Jesus já tinha feito, na véspera, eles querem saber com que autoridade ele faz as coisas. Eles não perguntam pela verdade nem pelo motivo que levou Jesus a expulsar os vendedores (cf. Mt 21,12-13). Perguntam apenas pela autoridade. Eles acham que Jesus deve prestar conta a eles. Pensam ter o direito de controlar tudo. Não querem perder o controle das coisas.
Mateus 21,24-25ª: A pergunta de Jesus às autoridades
Jesus não se nega a responder, mas mostra a sua independência e liberdade e diz: "Eu também vou fazer uma pergunta para vocês. Se responderem, eu também direi a vocês com que autoridade faço isso. De onde era o batismo de João? Do céu ou dos homens?". Pergunta inteligente, simples como a pomba e esperta como a serpente! (cf. Mt 10,16). A pergunta vai revelar a falta de honestidade dos adversários. Para Jesus, o batismo de João era do céu, vinha de Deus. Ele mesmo tinha sido batizado por João (Mt 3,13-17). Os homens do poder, ao contrário, tinham tramado a morte de João (Mt 14,3-12). Mostraram, assim, que não aceitavam a mensagem de João e que consideravam o batismo dele como coisa dos homens e não de Deus.
Mateus 21,25b-26 Raciocínio das autoridades
Os sacerdotes e os anciãos perceberam o alcance da pergunta e raciocinavam entre si da seguinte maneira: "Se respondemos que vinha do céu, ele vai dizer: Então, por que vocês não acreditaram em João? Se respondemos que vinha dos homens, temos medo da multidão, pois todos consideram João como um profeta”. Por isso, para não se expor, responderam: “Não sabemos!” Resposta oportunista, fingida e interesseira. O único interesse deles era não perder a sua liderança junto do povo. Dentro deles mesmos, já tinham decidido tudo: Jesus devia ser condenado e morto (Mt 12,14).
Mateus 21,27Conclusão final de Jesus
E Jesus disse a eles: Pois eu também não vou dizer a vocês com que autoridade faço essas coisas". Por causa da sua total falta de honestidade, eles não merecem resposta de Jesus.



4) Para um confronto pessoal


1. Alguma vez, você já se sentiu controlado ou observado, indevidamente, pelas autoridades, em casa, no trabalho, na igreja? Qual foi a sua reação?
2. odos e todas temos alguma autoridade. Mesmo numa simples conversa entre duas pessoas, cada uma exerce algum poder, alguma autoridade. Como uso o poder, como exerço a autoridade: para servir e libertar ou para dominar e controlar?

5) Oração final



Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos,
ensina-me tuas veredas.
Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me,
porque és o Deus que me salva,
e em ti sempre esperei. (Sal 24, 4-5)